Meu corpo não é arte.
Nem fui desenhada por pintores renascentistas.
Estou mais para as imagens de Dali ou Picasso...
Meus olhos não são azuis brilhantes.
Têm a cor da noite sem estrelas,
Negros como a escuridão
E raros como pérolas.
Não tenho boca cor de morango,
Nem dentes marfim.
Sou um ser igual a tantos outros,
Até meio patético,
Que caminha pela rua sem ser notado,
Mas vive por aqui e acolá...
Sou destes tipos piegas,
Que choram com melodramas.
Não sou personagem de Almodóvar, muito menos de Fellini.
Estou mais para as moças, nem tão boazinhas, do Lars Von Trier...
Não sou a musa inalcançável de Alvares Azevedo,
Nem a doce donzela de Castro Alves.
Não tenho dedos tão pequenos quanto a chuva de EE Cumings,
Sou a volúpia descrita por Florbela Espanca.
Sou dessas pinturas comuns,
Literaturas cotidianas,
Imagens em movimento,
Partituras.
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