Desalinho

Quando ainda há mágica,
E as roupas ainda têm o nosso cheiro,
A gente pode dissimular, sumir, tentar
Que o coração não vai se aprumar.

Quando a gente ama e mente
Que a casa não está vazia sem a gente,
A alma só encontra a poeira
Que a vida jogou sobre os nossos corpos.

Agora, me diga:
Quem vai desatar os nós que deixamos em nós?
Quem vai cantar as canções que cantamos?
Quem vai calar as nossas noites ardentes?
Quem vai catar as roupas espalhadas pela nossa memória?

O coração bate fraco...
Pergunta o que foi que aconteceu
Com os nossos pequenos laços fortes.
Ao mesmo tempo em que mostra o quanto a gente ainda se bagunça
Mesmo quando não estamos juntos no nosso gostoso desalinho...

Caminhos

Há somente um caminho para a tua felicidade,
E ele te leva diretamente ao meu corpo.
Basta que tateies e busques, para que os meus mais secretos rincões, 
Tão loucos por ti,
Te mostrem o paraíso.

Existe apenas uma estrada para o seu prazer,

E tu sabes que ela passa pelos meus lábios,
Encontra as minhas pernas
Para te abrir as portas do céu.

Há somente um atalho para a tua alegria,
E ele te conduz pelo meu olhar, 
Te transporta para outras esferas, E une as nossas almas e desejos.

Existe apenas uma história de amor,
E ela fala de nós dois.
Mesmo que busques outras bocas e ames outros corpos,
O ardente querer está em mim e em ti,
Juntos numa só pele.

Nada

De nada adiantaram as esperanças,
Nem os sonhos,
Nem os planos,
Nem as juras,
Nem as verdades ditas.

De nada adiantou a alegria,
O dia anoiteceu,
A noite amanheceu,
A gelatina acabou,
O café amargou.

De nada adiantou,
O lençol amarrotou,
O armário esvaziou,
O sonho acabou,

De nada adiantou,
O sorriso murchou,
O tédio venceu,
A admiração acabou e
O amor morreu.

Cura

Eu hoje acordei com saudades.
Senti falta dos teus sonhos, dos teus olhos,
Dos teus mares e sóis.

A tua ausência hoje se fez presente.
Senti, no vento traidor,
O cheiro dos teus cabelos.

Eu sei que te lembras dos meus risos
Invadindo todos os cantos da tua vida.
Meus ruídos ainda habitam no teu coração,
E isso me faz solitária.

Um dia eu sei, estarei curada
Dessa dor que me adoece.
Meu corpo não mais se ressentirá
Com a abstinência dos teus fluidos,
Minha boca terá nova umidade,
E minhas mãos novo calor.

Um dia eu serei curada.
Deste Amor infinito,
Dessa saudade dolorida,
E desse tremor que me envolve
Quando ouço o teu nome.

Se eu chorar

Se eu sentir vontade de chorar, 
Já com lágrimas nos olhos,
Recordarei nossos momentos.

Se eu sentir saudades de nós dois,
E, por ventura, chamar teu nome,
Lembre-se dos nossos dias,
Nem que seja apenas por um minuto.

Se nossa alegria voltar a iluminar teus pensamentos
E você sentir o calor dos meus braços,
Rogo que me deseje sol,
Pois sem teu corpo já senti muito frio.

Se um dia souberes que sangrei
E que meu corpo passeia por aí,
Saiba que meu coração já foi alegre,
E chorou prantos doridos demais sem ti.

Se eu chorar, saiba que 
Foi por nunca ter aprendido a 
Proferir palavras raras,
Nem frases especiais,
Para falar de Amor.

por isso, 
Em silêncio, deixo o meu singelo pedido:
- se eu chorar, lembre-se de mim, 
E saiba
Que muito aprendi com o fracasso...

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