Ah, como eu gostaria que seus ouvidos escutassem o que dizem os meus olhos....
Taís Morais
Eu e minhas viagens - as líricas e as literais.
Anseios
Oração
Quando abro os meus olhos pela manhã, sinto falta da sua presença.
Durante o dia, te procuro. Te busco entre as pessoas, nos passantes e nos motoristas.
Confundo vozes e pegadas. Escuto suas risadas em outras risadas e sinto teu cheiro em outros perfumes. É no meio da rua que eu me sinto menos só.
Quando estou sozinha, a solidão declama teu nome. Todos os lugares são vazios, como se fossem feitos para você e eu.
Me distraem as nossas lembranças. Relembro nossos momentos como um filme. E me ponho a te esperar.
Te espero da hora que acordo até o a hora de dormir. Mas você não chega.
Eu adormeço terrivelmente cansada e triste.
Imploro ao meu Deus que te traga para mim. Que te coloque nos meus braços e te deixe aqui ao meu lado.
E que você permaneça. Que me sinta e me dedique os seus sorrisos.
Eu escrevo, suplico, escrevo e espero que você leia. Que saiba do meu amor e minha saudade.
Rabisco estas letras na inocente esperança de que elas te encontrem. E que ao começar a ler, você me leia por dentro.
Escrevo poemas na intenção de que as palavras te enlacem, te suguem e te beijem...
Meus textos são como orações. Primeiro eles agradecem pelo dia em que te conheci. Depois elas clamam pela tua chegada, teu amor e tua devoção.
Foi assim
Foi assim...
... Seu instante se tornou a minha hora,
Seus sorrisos floresceram os meus,
Suas palavras cultivaram o meu coração.
Você frutificou a terra ressequida de outrora,
Derramou sol nas minhas sombras,
E aqueceu meu gélido ser.
Foi assim, Meu Bem,
Que você passou de um olhar e de uma lembrança distantes,
Para um querer tão perto...
Tão necessário,
Tão Meu...
A morte em mim
Todas as vezes que tentei morrer,
Não era a minha vida que eu queria tirar.
Queria matar a morte que vive em mim.
Que me despedaça, que me dá engulhos,
Me desespera e me bate contra a parede de concreto.
Existe uma dor em mim. Tão, tão grande, que não cabe no meu peito, não cabe numa caixinha de remédios, nem na caixa de sapatos.
A dor de morte que vive em mim, trabalha espreitando. Quando menos espero, ela solta a magia da tristeza profunda, me joga no leito e me arranca lágrimas sem sentido.
As mortes que eu, quase, morri, não eram para levar o meu corpo físico. Eu só queria que a dor de viver acabasse para eu acordar feliz.
Mas a morte é traiçoeira e poupa as pessoas que têm dor. Ela não quer sofrimento no seu departamento. Se é pra morrer, diz dona morte, morra feliz….
Mergulho
Perdição
A sua voz tem cheiro de saudade.
Saudade do seu beijo, do seu corpo.Das suas mãos macias e sua respiração calma.
A sua voz tem gosto de sorriso.
De gargalhada gostosa, de verdades sem vergonha,
De dias leves e cerveja gelada no copo em dia quente.
A sua voz tem som de Amor.
Amor sem tempo, sem hora marcada,
Com desejo e sem despedida.
A sua voz tem imagem.
Quando a vejo, bem dentro de mim, enxergo o sol.
Enxergo o mar e a luz de um dia azul cheio de promessas.
A sua voz tem chamamento.
Tem convite para Amar um grande amor.
É tesão. É loucura.
Tempestade
Amanheci com saudades dos seus olhos.
Aqueles olhos que me olhavam com ternura, com desejo e gula.
Amanheci com a angustiante ausência dos seus olhos em festa.
Festas de arromba que as meninas dos seus olhos fazia ao encontrar as minhas.
Hoje o meu corpo se ressentiu com a falta dos seus olhares de cobiça.
Minha boca soluçou um pedido a Deus: - que seus olhos voltassem a ter alegria e a me enxergar como antes.
Hoje amanheci sem os teus olhos mergulhados nos meus e minha alma sentiu frio.
Hoje seus olhos cor de tempestade me trouxeram dor. A dor de não poder ver a minha imagem feliz dentro deles.
E então, fez-se em mim uma tormenta com a fúria de mim sem você.
O mar em mim
Em cena
Solitude
Clichê
Eu gosto de escrever clichês. Eles são fáceis, todo mundo vive e existe um para cada situação.
Clichê, no sentido figurado, é uma ideia já muito batida, uma fórmula muito repetida de falar ou escrever, um chavão.
Etimologicamente, a palavra clichê tem origem no francês cliché.
São sinônimos da palavra clichê: lugar-comum, repetido, chavão, comum, previsível e repetido.
Clichê era, originalmente, uma chapa metálica que trazia gravada em relevo uma imagem destinada a ser reproduzida para impressão de imagens e textos por meio de prensa tipográfica.
No caso deste texto, é mesmo por causa de um bordão. Um termo que se usa muito e muito se esquece.
- A vida é breve.
Acredito que a gente deve ler e/ou escutar essa frase (ou algo parecido), diversas vezes por dia. Ainda assim, não nos damos conta do quão frágil é essa nossa carcaça apelidada de corpo.
Passamos a vida não nos importando para a saúde, exagerando, comendo porcaria, bebendo um monte, saindo com diversas pessoas, machucando e sendo machucado com a única justificativa: - a vida é curta.
Mas não, amigos-leitores. Ela não é curta. É frágil. E por mais que façamos tudo certo, podemos acordar num belo dia e perceber somente o caos ao redor. É mesmo que se percam filhos, pais, tios e amigos, o que a gente faz? Segue em frente, afinal, a vida é breve!
Mas e quando você se pega fragilizado por mãos alheias e o filme da vida, que era curta, passa pela sua cabeça e fica ainda mais curta?
Os “amigos” sumiram, o corpo sarado não está útil e sua saúde está frangalhos? Fazer o que? - reclamar para Deus. Pedir aos anjos, aos arcanjos e todas as entidades que perdoem os seus excessos anteriores e te deem mais uma chance de viver. Talvez, ser útil. De amar e ser amado. Ser melhor?
Nunca julguei que eu tivesse medo da morte. Sempre tive mais medo de definhar aos poucos do que de morrer. Mas neste fim de semana, quando meu estado de saúde passou de ótimo para crítico e de crítico para estável, eu descobri que eu tenho medo dessa faceta da morte. Essa de dor e desespero. De tristeza e luto.
Tive medo de não mais ver meus filhos, meu marido, minhas cachorrras, a família, os netos que não tenho. Os cães que não adotei e de não testar aqueles pratos salvos no aplicativo. Pensei no pudim que eu não fiz, na feijoada que não comi, na caipirinha que não bebi e que talvez não bebesse nunca mais. Pensei nos lindos lugares que não fui, nas pontes que não cruzei e nas praias que não me banhei. Não por minha causa, mas porque alguém resolveu que não deveria cuidar de mim direito.
Pelas mãos de um médico que deveria resolver um problema simples, fui levada para um caminho agonizante, de dor, dúvida, lágrimas. Depois, Pelas mãos de outro médico, depois de ter sido ignorada pelo primeiro fui guiada para uma estrada com um pouco de esperança e até otimismo.
Agora estou em casa, fora de perigo. Espero ter forças para me recuperar rapidamente. Espero abraçar todas as pessoas que me desejaram o bem. Não lembrar de quem não lembrou de mim e, enquadrar legalmente aquele que pensou que o meu corpo/templo, era só mais um que se podia ignorar depois de estragar.
E mais, seguirei escrevendo meus clichês e lutando por um país melhor e menos desigual. Porque ser mulher é difícil, mas ser fraco das convicções é muito pior.
Taís Morais
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Anseios
Ah, como eu gostaria que seus ouvidos escutassem o que dizem os meus olhos.... Haveria tanta paz no nosso viver, haveria tanto Amor no nos...