Nota de Repúdio

Há alguns dias, o jornal Valor Econômico fez uma resenha do meu novo livro, Sem Vestígios - revelações de um agente secreto da ditadura militar brasileira.
Não sei o motivo eplo qual a jornalista Maria Inês Nassif pegou uma frase do meio do livro, "alguns militares acusam Zé Dirceu de agente duplo na época da repressão, e deu ênfase ao assunto.
(Eu, equivocadamente, deixei passar numa nota de rodapé, que o diário de carioca teria a informação, mas não tem. É afirmação de um coronel e de outros militares.)

O livro não trata de Zés Dirceus, sim dos porões da ditadura. É uma denúncia grave e importantíssima de que o governo militar sabia sobre os acontecimentos, e do tratamento dispensado aos presos políticos, e nada fazia para conter abusos.
Mostra que agentes da repressão agiam por livre e espontânea vontade e estavam embriagados pelo poder de vida e morte que tinham em suas mãos.
O livro fala de esquartejamentos, execuções e sequestros.
Dá nomes de comandantes bárbaros e aponta direções para que as Forças Armadas sejam responsabilizadas pelo sangue que engraxava as botas de militares (e civis, como o Fleury).


A partir da matéria do Valor, Paulo Henrique Amorin afirmou em seu blog que eu teria acusado o ex-ministro Zé Dirceu de agente duplo.
Não é verdade. Nem o Valor, nem PHA me ouviram.
Depois de uma nota deixada no blog os jornalista, Paulo Henrique me ligou. E, covardemente, sem me avisar da gravação e que iria publicar meu áudio, gravou uma entrevista em que ele tenta me induzir a acusar o Zé.
Não o fiz, não acredito nesta acusação e não tenho documentos oficias que comprovem a acusação.

Não satisfeito com a covardia de me gravar sem avisar, e não tendo conseguido seu objetivo, ele publicou a entrevista com o título "esquentado" de: Autora que denuncia Zé Dirceu pede abertura de arquivos.
O correto seria: Autora que NÃO denuncia Zé Dirceu pede abertura de arquivos...

Ora, ora, se paulo Henrique Amorin renegou ao bom jornalismo, que não tente fazer o sério trabalho dos outros parecer menor e banal.
Não é por eu não aparecer em TV e nem ficar assinando meu nome em revistas que eu não saiba fazer jornalismo. Não sou estrela, sou jornalista e o meu compromisso é com a verdade. Não esquento material e não tento induzir as pessoas a falarem o que eu desejo ouvir. Não é assim que um bom jornalista age.

PHA, não jogue meu nome e meu livro no limbo da sua implicância com o Zé Dirceu.

5 comentários:

  1. Muito bem, Taís. Bravo!
    Como diria Quintana: eles passarão,
    vc passarinho.

    Um beijo grande.

    ResponderExcluir
  2. Eles já passaram e passarão de novo. "No pasarán" disse aquela revolucionária espanhola, e os caras passram, e ficaram no poder por mais de mil vidas. E a República foi enterrada e a monarquia voltou. Pasarán, sim. Como passaram por aqui e por aqui ficaram e estão até hoje dando as cartas (Delfim Neto e cia.). A voz e o trabalho da jornalista Taís é uma resistência admirável a esse rolo compressor, que continua passando por cima de nós. Prefiro, por estar esquecido, um outro verso de Mario Quintana: "Da última vez que cruzei aquele corredor escuro, estava cheio de passarinhos mortos".

    ResponderExcluir
  3. PHA num momento de PIG, sua terra natal. Apoiada, Taís.

    Um abraço.

    ResponderExcluir
  4. Taís,
    O grande mal que cerca a nossa profissão atualmente é esse estrelismo desenfreado de certos colegas. Alguns chegam a dar autógrafos.
    Como você disse: nosso compromisso é com a verdade. Parabéns pelo trabalho.

    ResponderExcluir
  5. Taís,

    Já passei da parte do livro em que você cita o José Dirceu e, também, aquela em que fala sobre o Fernando Collor de Mello. Quando li sobre o Collor e, depois, sobre o José Dirceu, mostrei ao meu marido e ficamos indignados. Mostramos a outras pessoas, comentamos o fato, fizemos correlações com as carreiras e escândalos dos dois citados. Não vi o que o Paulo Henrique Amorim disse. Parece-me que ele quis sim "tirar proveito" desta situação e não acho correto, principalmente na parte da gravação da conversa sem o seu consentimento. Mas as pessoas que você cita são homens públicos e entendo os órgãos de imprensa querer investigar, assim como você fez com o período da ditadura. São acusações sérias e não passam como "notas de rodapé", como não passaram para mim, que nem sou jornalista nem nada. Talvez coubesse – é só uma sugestão – uma errata para as próximas edições – que acredito virá.

    O seu livro tem muitos méritos e o principal é mostrar o lado de lá, o lado da formação ideológica e técnica dos agentes e de como os militares faziam o que bem entendiam do país e dos brasileiros. Mas ainda não terminei, estou quase lá.

    Beijos

    Cristiane

    ResponderExcluir

Não vá embora sem comentar,
Você alimenta estas letras.

A viagem mais recente

A morte em mim

 Todas as vezes que tentei morrer,  Não era a minha vida que eu queria tirar. Queria matar a morte que vive em mim. Que me despedaça, que me...