Dúvidas no Caminho

Regresso ao ponto inicial.
O caminho me parece mais árduo e cansativo,
Serão assim todas as voltas?

Recomeço minha trilha,
Minha labuta,
Minha busca.
Serão trabalhosos todos os inícios?

Encontro as mesmas pedras antes removidas,
Os mesmos buracos no meio da estrada,
Os abismos tapados e, tristemente, não cimentados
Voltaram aos seus lugares.
Toda ferida se abre?

Não houve tempo de solidificar o sorriso,
Nem de curar os calos.
Os sapatos novos ficaram velhos e
A roupa amarelada furou na busca de uma nova vida.
As procuras sempre são cegas?

Retorno ao casulo de rochas moldado pelos erros.
Não sem marcas,
Porém, sem tristezas.
Com cicatrizes no peito e um bom aprendizado.
São assim, úteis, todas as decepções?

Os tombos que levei melhoraram meu equilíbrio,
E cá estou, na porta, sem as chaves.
Com olheiras do cansaço, frágil
Mas com uma força muito maior do que a que estava em mim quando eu fui...

Todos os sobreviventes se fortalecem?

Realidade

Eu, que havia esquecido todas as tristezas quando você apareceu,
Lindo, sedutor, encantador e belo,
Precisei rasgar todos os versos feitos para ti.

Depois da trágica noite do teu eu contigo mesmo,
Descobri que tuas mãos amavam não apenas as minhas mãos,
Que o teu corpo poderia ter outro destino depois do nosso desenlace.
E afoguei, no chuveiro quente, os desejos que moravam no meu peito.

Senti as horas fugidias, e,
O Amor, que eu julgava verdadeiro, se esvaindo entre os meus dedos.

Sofri com teu sorriso concentrado em outros lábios,
Morreu em mim a alegria de ter você comigo, quando o teu abraço se mostrou aberto para outros braços,
E o teu amor envolvido em outro amor.

Fim.

Sonhos meus

Na noite fria do meu quarto,
Me invade o desejo do que foi perfeito com você. 
Persigo em mim 
o cheiro do seu corpo.
Busco na minha pele as tuas digitais.
Revivo os momentos de nós dois e
Revejo cenas que estão presas na minha saudade.

Sussurro as tuas palavras.
Ouço as nossas musicas.
Relembro nossas gargalhadas.
Nossas brincadeiras e
Me perco no tempo que dura o teu beijo quente.

Dos meus sonhos vertem umidade.
Minhas veias pulsam loucas e delirantes.
Não há paradas,
Não há silêncios, 
Apenas os nossos devaneios.

Minha boca estremece num gemido calado.
Minha voz se cala com os espasmos do teu Amor,
Louco, sóbrio, perfeito, verdadeiro...

Então a noite se vai,
Levando meus sonhos,
Os teus encantos,
O meu suor,
A minha alegria e
O meu prazer.

Lentamente

Eu me desmancharia por inteiro, Amor,
Se o teu chegar encontrasse meus quadris.
Se tua língua passeasse pelo meu corpo
Saboreando meus gostos e arrepiando meus pelos.

Eu me derreteria por inteiro, Amor,
Se tua semente, ao ser plantada em mim.
Preenchesse os meus vazios, aquecendo todo o meu interior.

Eu me enlaçaria no teu abraço, Amor,
Se estivesses aqui, dentro do meu.

Faria das nossas horas solitárias,
Momentos de amor intenso,
Hora lento e puro,
Hora rápido e sem vergonha.

Eu te envolveria agora, Amor,
Se todo o teu mundo estivesse ao alcance das minhas pernas.

Saudade

A noite segue,
A madrugada é interminável,
Minha cabeça não encontra seu peito para se aninhar,
Transformando cada minuto em uma eternidade.

Meu corpo estranha a cama,
Tão grande sem você para me aquecer.
O silêncio é uma nervosa nota musical, que toca no lugar da sua calma respiração.

A madrugada segue fria,
O cobertor me aquece demais
E o lençol de menos.
Só a sua pele tem a temperatura perfeita

A Madrugada é lenta.

Na antiga vitrola do meu coração, o disco toca.
O lado A me fala de você, 
O lado B me canta você.
Até as batidas do meu coração reclamam sua presença.

Somente a doce lembrança das nossas horas e a esperança de te encontrar brevemente tornam minha noite um pouco menos triste.


Hoje

Hoje me peguei pensando em você, 
Nas horas de nós conosco, 
Nas coisas que não fizemos e
Na colcha de retalhos que não usamos.

Me flagrei sentindo saudades,
Perdida entre as paredes do nosso pequeno mundo,
No abrigo das nossas vozes abafadas pelo aroma do café com as risadas não dadas, 
Nas horas desperdiçadas sem nossas presenças.

Eu hoje amaldiçoei o frio, 
O verão passado e o outro também. 
Xinguei o mundo de piegas e impliquei com o tal do Amor,
E quis esquecer teus olhos doces pregados na janela do meu egoísmo.

Hoje solucei meus ódios,
Amaldiçoei a distância entre nossas almas,
Maldisse o dia em que não estivemos juntos,
E bendisse a noite em que os teus braços me envolveram neste amor tão teu.

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