Dor

Dói fundo, dói dolorido.
Uma dor calada, sofrida,
Desesperada e infantil.

Dói tanto que não se consegue enxergar 
O caminho, a frente, o rumo.

Sem parar, dói.
Ata o peito, destrói o sorriso,
Imobiliza o ser,
Fere a alma.

Dói tanto que não se sabe se tem cura...

Onde?

Onde estávamos, meu Bem,
Quando o trem do bem querer passou?
Quando os dias deram claros sinais
E o anoitecer caiu sobre nossos ombros?

Onde estávamos, Querido?
Deixamos viver o mal e escapar o bem,
Que não vimos nossos sonhos escorrerem,
As lutas esmorecerem e os pés cansarem?

Onde estávamos, Amigo?

Para esquecermos as lutas
Deixando o tempo levar o
Nosso amor cotidiano
e o brilho do nosso olhar?

Contexto

Amanhece o dia cinza e chuvoso.
Dentro do peito a poeira,
Lá fora, nada.
Nada sobrou dos planos, além dos panos.
Da seca, do vaso de planta, da flor que morreu.

Lá fora, chuva.
Cá dentro, nuvem.

Olhos cobertos pela neblina do fracasso, da espera,
Da esperança morta, da natureza humana.
Boca fechada em contração, dor, contenção.
Não há mais tempo para o tempo.

Lá fora chove,
Cá dentro, corrosão.

Partes da vida fracionadas em ferida.
Verdades escondidas sem sentido,
Coração partido.

A vida segue num caminho sem rumo.
Sem medos, com sustos.
Aprendizados, novos planos.
Até que a desilusão nos parta novamente.

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