Um sonho dentro de outro sonho

Aos 36 anos descobri o que é o poder de um coração que confia.

Sempre tive vontade de participar de algum projeto, como voluntária. Mas dentro de mim algo dizia que não um projeto ou um voluntariado qualquer não aqueceria minha alma. Como dizem por aí, sou um trem desgovernado quando se trata de emoção. Então, participei de coisas muito legais ao longo da vida, vi coisas e conheci gente das quais guardo lindas recordações e aprendizados. Mas estes "trabalhos" não eram a minha cara, tinha mais um quê de dever humano com o próximo do que verdadeira paixão.

Pois bem, para quem não sabe, sou jornalista, e tenho essa facilidade incrível de escrever muito mais do que de falar, então escrevo para relatar minha estréia no DV na trilha.

Nessa busca entre unir a minha vontade de fazer algo útil para mim e para outras pessoas, descobri o DV na trilha. Ja tinha visto o pessoal pedalando por aí, em passeios ciclísticos ou nos dias em que algumas pessoas se reúnem para ser os olhos de alguém que não pode ver e por isso, são impossibilitados de fazerem algumas coisas e sentirem algumas sensações.

Me dava aquele calor na alma ver os condutores com os deficientes visuais nas bikes. Eu, que amo pedalar, sentia "inveja" dos condutores. E nessa vida atropelada que temos que ter, as coisas e o tempo passaram.

Ano passado tive sérios problemas. Para não sofrer muito com a falta do pedal, vendi minha speed e minha mountain. Logo bateu o arrependimento e comprei nova bicicleta. Ela ficou de varal na minha sala por quase um ano. Na minha cabeça aquele pensamento: vou melhorar e vou voltar pro pedal. Bem, melhorei e cá estou entre vocês, perturbando com minhas mensagens e sendo feliz de novo neste quesito.
Um dia, lendo meus e-mails, abri um vídeo do Sergio Dart que me arrepiou a pele, me consolou a alma e me fez chorar de emoção. Decidi que iria tentar participar do projeto.

Simone Consenza foi a primeira com quem falei. Pedi informações e ela me convidou a conhecer o DV na trilha. Eu fui! Hoje!

Quanta emoção, gente!!!!

Cheguei, não conhecia ninguém a não ser pela lista e a Simone que gentilmente me aceitou no seu facebook. Fui recebida suada (fui pedalando) e tímida com os sorrisos mais gostosos do mundo.
Apresentações feitas, Bruno montou na tandem comigo e foi me dar algumas explicações. Eu já tinha andado numa, mas atrás,nunca havia pedalado uma.

Decidiram colocar o super Adauto, cujas histórias já tinham me sido contadas pelo Carlão Duarte, para pedalar comigo. No início, que susto. Se não fosse este mega atleta, teríamos nos estabacado no chao. A bike é diferente e precisa de uma distância e espaço maior para a curva. Primeiro sustinho, Adauto me conduziu pelas estradas da emoção que era viver esta nova experiência. Ele estava atrás, mas parecia que eu estava muito atrás dele. Em pernas e em alma. Que ser maravilhoso.

Quando acabamos,minha garganta estava apertada. que vontade de chorar de alegria. é muito maravilhoso ver as pessoas felizes e mais, sabermos que somos pequeníssima parte dessa felicidade.

Vim embora nas nuvens. de bike, mas nas nuvens.

Aprendi que quando não nos integramos com pessoas que tem deficiências, não sabemos o quanto eles podem nos ajudar. Acho que o medo de lidarmos com as diferenças é um claro sinal que nao sabemos lidar com as nossas próprias deficiências.

Saí de lá feliz demais. E tenho certeza, um pouco melhor.

Vou voltar e vou ficar enquanto me quiserem por lá.

Grande abraço a todos...

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