São os acasos, meus caros.
Aqueles dias e noites pútridos
Que sufocam os gritos
Colados nos travesseiros mofados pelas lágrimas
Que tentamos não deixar escorrer.
Cartas e selos que rodaram o mundo e pararam
na caixa-preta-laranja guardada no armário.
São notas musicais sem melodia,
A cama vadia, vazia, cheia de manchas endurecidas
Dos amores tentados, dentados.
As horas petrificadas no retrato amarelo
Daquele sorriso que não existiu e nem vai surgir
De verdade...
Sim meus caros...
São os calos,
Os movimentos semi-nobres abortados por indolência ou
Incompetência.
São os ralos pelos quais escorrem as pratas e os amores,
Por onde vemos esvair toda a felicidade prepotente.
São os fatos,
Os tratos,
Os velhos sapatos
Roídos pelos ratos.
Os atos.
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